Independência? Uma palavra muito dita em nosso
país, mas sem nenhum significado. Como tradição, comemoramos o sem sentido, e
alimentamos o discurso de pátria. Não somos uma pátria, nem independentes. A
nossa história nos ensina que não há nada a ser comemorado no dia 07 de
setembro. Mentiras e mais mentiras que são usadas para tentarem moldar nosso futuro.
É inacreditável a nossa capacidade de adorar um feriado, porém não
entendê-lo. No dia 7 de setembro de 1822 o Brasil teve sua Independência
declarada, mas foi isso mesmo que ocorreu ? Somos livres ? Não somos e nem
nunca fomos, e o ocorrido às margens do Ipiranga não foi um grito de liberdade,
mas sim uma jogada política, onde D.Pedro I tenta se esquivar de uma possível
volta para Portugal e conseqüentemente ter seu próprio reino. Não quero contar a
história de como as coisas estavam antes de 7 de setembro, mas falar um pouco
de como elas ficaram, e exemplificar, que se tivesse ocorrido uma
independência, as atitudes posteriores seriam outras.
Para começar, nos tornamos independente pelas mãos do filho do rei, o
que não mudou nada, pois o tratamento permaneceu o mesmo. Tivemos que pagar uma
boa quantia de indenização a Portugal, para que eles nos reconhecessem como um
país independente. Uma nação que diz “Independência ou Morte”, não paga pelo
seu reconhecimento. Após a declaração da independência, as ações de D.Pedro I
não foram diferentes do que já existia antes. As elites ficavam cada vez mais
ricas e os pobres vocês já sabem. O Brasil vive mentiras históricas inventadas
para homenagear mitos e lendas que é claro beneficiaram, ou beneficiam alguém.
A Independência do Brasil não veio ainda, e muito menos chegou em 1822 as
margens do Ipiranga. A escravidão continuou, e ainda se intensificou, já que as
elites necessitavam desta mão de obra, e automaticamente apoiavam o novo
sistema. A sociedade brasileira não tinha uma unidade e ainda era diferenciada
por vários fatores, muitos deles regionais. Uma independência de uma colônia
sobre sua metrópole para existir de verdade, precisa no mínimo de uma luta organizada,
que automaticamente gera um sentimento de unidade nacional e um entendimento
dos motivos do processo, no Brasil isso não ocorreu, e ainda continuou sob o
julgo explorador de um português. Apesar de ter vivido mais tempo no Brasil do
que em Portugal, D.Pedro I era português, e sempre defendeu os interesses de
Portugal e de sua elite corrupta que vivia no Brasil através da exploração. Sua
ligação com Portugal é tão grande, que ele abdica do trono para voltar a sua
terra em 1831. A perda de prestígio somado com a briga pelo trono português,
fizeram D.Pedro ir embora e deixar o Império nas mãos de uma criança de 5 anos
de idade. O seu amor pelo Brasil não pesou nesta hora. Portanto vale a pena
dizer que D.Pedro I, o “pai da pátria”, não foi um herói, e apenas fez seu
papel de explorador, em um país fadado a ser subjugado.
O modo como fomos colonizados, e a maneira que fomos “libertos” de
Portugal, determinou nosso futuro, e através do estudo deste processo
histórico, podemos entender porque somos este país de formas injustas.
Deixando de lado a análise histórica de nossos períodos, passo-me a
olhar para agora, verificando o que somos. Somo um eterno país com potencial de
1º mundo; somo um país grandioso em dimensões, mas sem terra para o seu povo;
somos um país de contrastes sociais sérios e sofremos do mal de sermos um país
onde os ricos e os poderosos estão acima da lei. Posso ter a audácia de dizer
que isso tudo que vemos é resultado de uma colonização exploradora e um
independência falsa, que formou um povo pacífico demais para fazer suas
próprias transformações. Está certo que injustiças; corrupções; e outros males
acontecem pelo mundo a fora, mas não podemos nos furtar ao interpretar que não
temos motivos para comemorar.
O que mais me revolta é ver este sentimento cívico mentiroso, onde o
hino é cantado todos os dias da semana da pátria nas escolas, enquanto em
outros dias ele não é nem lembrado. Me revolta ver desfiles, com aglomerações
imensas para contemplarmos os militares passando, enquanto o professor que
protesta é chamado de baderneiro. Me revolta o povo não entender o real
significado do hino nacional, e não sentir revolta ao ouvi-lo e pensar que a
letra apesar de linda, é contraditória com a realidade do seu povo. Sou
patriótico, e respeito os símbolos nacionais, mas para mim tem que haver
sentido. Portanto ao meu entender, não existe motivos para que nada seja
comemorado. No nosso país comemoramos essa data vazia, com o falso discurso de
pátria, e com desfiles cívicos, não existe nada mais típico de uma colônia.
Pura verdade.
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