Vice-presidente da Câmara determinou que parecer do deputado Marcos Rogério, que chegou a ser votado no Conselho de Ética, volte à discussão
O primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão
(PP-MA), aceitou, nesta terça-feira 2, um recurso para anular a votação
do Conselho de Ética que decidiu pela continuidade do processo contra o
presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Desta forma, de
acordo com a determinação do deputado maranhense, a análise do caso será
retomada na fase de discussão, ou seja, o relatório do deputado Marcos
Rogério (PDT-RO) se mantém, mas será debatido novamente.
Com a manobra, aliados de Cunha poderão pedir vista do relatório e
apresentar requerimentos para adiamento de discussão e de retirada de
pauta. Em dezembro, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos
Araújo (PSD-BA), havia rejeitado uma questão de ordem do deputado Carlos
Marun (PMDB-MS). O peemedebista questionava o fato de um novo relatório
ter sido apresentado por Marcos Rogério, mas com a fase de discussão
ter sido encerrada.
Rogério foi escolhido como relator após o próprio Waldir Maranhão
aceitar um recurso para tirar o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) da
relatoria. O argumento: o partido dele fez parte do mesmo bloco
partidário responsável por eleger Cunha como presidente da Câmara. O
código de ética da Câmara diz que o relator não pode ser do mesmo estado
e nem da mesma legenda. Apesar de o PRB ter deixado o grupo, vale para a
escola das comissões o acordo feito na eleição da Mesa. Como o pedetista decidiu pela continuidade do processo, da mesma
forma que Pinato, a interpretação do presidente do Conselho é que a
discussão já havia sido encerrada. Para isso foi usado como embasamento
uma decisão do próprio Eduardo Cunha do início do ano passado. De acordo
com a resposta do peemedebista na época, a apreciação não deve ser
retomada se o voto do novo relator for o mesmo ou apenas complementou o
anterior.
À espera da CCJ
Waldir Maranhão adotou outro entendimento. Para o vice-presidente da
Câmara, a troca de relator ocorreu por decisão de própria Mesa de
destituir Pinato. Desta forma, é como se o processo na oportunidade
tivesse retomado à estaca zero. Assim, um novo parecer, mesmo que com o
resultado igual ao anterior, precisaria passar por toda a fase de
discussão, o que acabou não ocorrendo. Aliado do presidente da Câmara, Carlos Marun apresentou dois
recursos. Ele questionou a decisão de Araújo em não permitir um novo
pedido de vista a Cunha. Como o peemedebista fluminense não poderia
decidir, coube ao deputado Waldir Maranhão se manifestar no caso. A
outra contestação aguarda análise na CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça) e pode fazer o processo retornar à estaca zero.
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