Reconstrução
mostra como seria o rosto do 'Homo Naledi', como foi batizada a nova
espécie identificada a partir de ossos encontrados na África do Sul
(Foto: Mark Thiessen/National Geographic via AP)
Um grupo de pesquisadores apresentou nesta quinta-feira (10) na África do Sul os remanescentes fósseis de um primata que podem ser de uma espécie do gênero humano desconhecida até agora.
A criatura foi encontrada na caverna conhecida como Rising Star
(estrela ascendente), 50 km a nordeste de Johanesburgo, onde foram
exumados os ossos de 15 hominídeos. O primata foi batizado de Homo naledi. Em língua sotho, "naledi" significa estrela, e Homo é o mesmo gênero ao qual pertencem os humanos modernos.
Os fósseis foram encontrados em uma área profunda e de difícil acesso
da caverna, na área arqueológica conhecida como "Berço da Humanidade",
considerada patrimônio mundial pela Unesco. Por se situar num depósito
sedimentar onde as camadas geológicas se misturam de maneira complexa,
os cientistas ainda não conseguiram datar o primata descoberto, que
poderia ter qualquer coisa entre 100 mil e 4 milhões de anos.
"Estou feliz de apresentar uma nova espécie do ancestral humano",
declarou Lee Berger, pesquisador da Universidade Witwatersrand de
Johannesburgo, numa entrevista coletiva em Moropeng, onde fica o "Berço
da Humanidade".
O
professor Lee Berger segura a réplica de um crânio do ‘Homo naledi’,
nova espécie de hominídeo descoberta na África do Sul (Foto: Siphiwe
Sibeko/Reuters)
Em 2013 e 2014, os cientistas encontraram mais de 1.550 ossos que
pertenceram a, pelo menos, 15 indivíduos, incluindo bebês, adultos
jovens e pessoas mais velhas. Todos apresentavam uma morfologia
homogênea e pertenciam a uma "nova espécie do gênero humano que era
desconhecida até então".
O Museu de História Natural de Londres classificou a descoberta como extraordinária.
"Alguns aspectos do Homo naledi, como suas mãos, seus punhos e
seus pés, estão muito próximos aos do homem moderno. Ao mesmo tempo,
seu pequeno cérebro e a forma da parte superior de seu corpo são mais
próximos aos de um grupo pré-humano chamado australopithecus", disse
Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres,
autor de um artigo sobre o tema que acompanhou o estudo de Berger,
publicado no periódico científico eLife.
A descoberta pode permitir uma compreensão melhor sobre a transição, há
milhões de anos, entre o australopiteco primitivo e o primata do gênero
homo, nosso ancestral direto.
Se for muito antiga, com mais de 3 milhões de anos, a espécie teria
convivido com os australopitecos, anteriores ao gênero homo. Se for mais
recente, com menos de 1 milhão de anos, é possível que tenha coexistido
com os neandertais -- primos mais próximos do Homo sapiens -- ou até
mesmo com humanos modernos.
Os trabalhos que levaram à descoberta foram patrocinados pela National
Geographic Society, dos EUA, e pela Fundação Nacional de Pesquisa da
África do Sul.
Foto da revista National Geographic mostra ossos recolhidos por
pesquisadores na África do Sul que foram identificados como sendo de uma
nova espécie do gênero humano (Foto: Robert Clark/National Geographic,
Lee Berger/University of the Witwatersrand via AP)
Berço da humanidade
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Caverna fica no norte da África do Sul
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