quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Vitória de Trump contraria pesquisas e projeções nos EUA

Hillary liderava pesquisas e aparecia com 90% de chances de ganhar.

Projeções mudaram logo após divulgação de primeiros resultados.

Do G1, em São Paulo
Donald Trump discursa após ser declarado vencedor nas eleições, em Nova York, na madrugada de quarta (9) (Foto: Reuters/Carlo Allegri)
Donald Trump discursa após ser declarado vencedor nas eleições, em Nova York, na madrugada de quarta (9) (Foto: Reuters/Carlo Allegri)
A eleição de Donald Trump foi ainda mais surpreendente porque, até os últimos instantes, Hillary Clinton era apontada como favorita em praticamente todas as pesquisas de intenção de voto e nas projeções feitas por institutos e pela imprensa.
E a demora na definição de alguns estados, onde os números ficaram muito próximos até o fim da apuração, fez com que a primeiras projeção sobre sua vitória tenha saído apenas às 5h32, muito mais tarde do que nas eleições anteriores. Em 2012, por exemplo, o resultado já era conhecido antes das 2h30 da quarta.
Apesar de sofrer uma queda na última semana de campanha, principalmente após a revelação de que o FBI estava analisando mais de seus e-mails, Hillary ainda chegou à eleição tendo uma média de 4 pontos de vantagem nas principais pesquisas.
Na segunda-feira, o site Real Clear Politicslistava oito pesquisas em que os eleitores não consideraram outros candidatos além de Hillary e Trump e o republicano aparecia na frente em apenas uma, do LA Times/USC Tracking. Nas outras sete, a democrata liderava por uma margem que ia de 1 ponto (IBD/TIPP Tracking) a 7 pontos (NBC News/SM).
O site Huffington Post calculou a média entre 375 pesquisas de 43 fontes e atribuiu, também na véspera da votação, 47,5% para a democrata e 42,3% ao republicano.
Além disso, uma pesquisa Reuters/Ipsos projetou que ela tinha 90% de chances de vencer, e o “New York Times” anunciou que a taxa era de 84%. Um dos sites que davam maiores chances a Trump era o FiveThirtyEight, com apenas 27%.
Mas esses números passaram a mudar assim que alguns estados encerraram suas votações e os primeiros resultados começaram a ser anunciados.
Por volta das 23h30 (horário de Brasília), Hillary Clinton publicou no Twitter uma foto na qual abraça uma jovem, com a mensagem: “Essa equipe tem muito do que se orgulhar. Independentemente do que acontecer nesta noite, obrigada por tudo”.
Às 0h30, o NYT passou a apontar uma virada, atribuindo a Trump 55% de chances de vitória. A partir desse horário a porcentagem foi aumentando, até estabilizar em “mais de 95%”.
Segundo o FiveThirtyEight, Hillary se saiu até melhor do que as pesquisas previam no Novo México, em Nevada e Colorado, mas teve uma votação bem abaixo do esperado em Wisconsin, Ohio e Iowa, que somavam mais votos no colégio eleitoral.
Estados decisivos
Uma série de vitórias inesperadas garantiu a Donald Trumpx a eleição deste ano. Ele conquistou, por exemplo, os três estados onde as pesquisas mostravam maior indefinição e cinco dos “swing states”, aqueles que não têm tradição histórica de pender para nenhum dos partidos.
Eleitores votam na Dalton Elementary School, em Azusa, na Califórnia, na terça (8) (Foto: Reuters/Mario Anzuoni)
Eleitores votam na Dalton Elementary School, em Azusa, na Califórnia, na terça (8) (Foto: Reuters/Mario Anzuoni)
Entre os estados considerados decisivos para o resultado, Trump conquistou a Flórida, onde Hillary chegou a liderar por uma pequena margem durante grande parte da apuração e onde Obama ganhou em suas duas eleições.
Segundo análise do “The New York Times”, o número de votos de eleitores brancos e com maior renda foi suficiente para que ele abrisse uma margem capaz de compensar o eleitorado latino do estado, que em sua grande maioria votou em Hillary.
Trump venceu ainda em estados como Wisconsin e Pensilvânia, que também tinham pesquisas equilibradas, e Ohio, onde tinha uma margem muito pequena de vantagem e corria o risco de sofrer uma virada.
Ao vencer Wisconsin, Trump somou 276 votos no colégio eleitoral, seis a mais do que o necessário para ser declarado vencedor. Nem mesmo o fato de ganhar no estado mais representativo, levando os 55 delegados da Califórnia, foi suficiente para que Hillary o alcançasse.
Ainda segundo análise do NYT, a derrota de Hillary pode ser em grande parte explicada por sua incapacidade de abrir uma margem confortável no sudeste do país. A disputa adquiriu então um peso maior em regiões onde Trump era mais forte, como os estados conservadores do Sul e do Meio-Oeste.
Além disso, sua ampla vantagem nos votos antecipados em diversos estados pode ter criado uma falsa impressão de que isso se repetiria na votação de 8 de novembro.

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