quarta-feira, 1 de junho de 2016

Dois senadores podem virar a casaca no impeachment. A pressão volta a ser urgente.


É evidente que Renan Calheiros está trabalhando para forçar Temer a aceitar ministros investigados, pois sabe que as gravações que surgirem podem desgastar a imagem do governo. Renan é um socialista autoritário que sonha em ver o Brasil se transformar numa Venezuela. Por isso, sempre ajudou tanto o PT. A estratégia adequada para Temer seria rejeitar as indicações e trabalhar para desconstruir a imagem de Renan Calheiros (e do PT junto), até o ponto em que se tornasse uma sandice total sua luta contra o impeachment. Essa é a estratégia adequada.
Seja lá como for, o desgaste pode estar ajudando os petistas, conforme o plano de Renan e dos petistas. Dois senadores já declaram que podem virar a casaca:
Em meio à crise política que atinge o governo interino de Michel Temer, que, em 19 dias desde a posse, já teve que afastar dois ministros flagrados em grampos telefônicos tentando barrar a operação Lava-Jato, os senadores Romário (PSB-RJ) e Acir Gurgacz (PDT-RO), que votaram pela abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, admitem agora a possibilidade de rever seus votos no julgamento final, que deve ocorrer até setembro. A virada desses dois votos, caso se concretize e os demais votos se mantivessem, seria suficiente para evitar a cassação definitiva da petista. O Senado abriu o processo de impeachment com o apoio de 55 senadores e, para confirmar essa decisão no julgamento de mérito, são necessários 54 votos.
O que é preciso fazer?
Alguns pontos.
Primeiro, demitir todos os ministros investigados. Todos eles. Alguns podem dizer :”ah, mas isso vai prejudicar a votação do impeachment, pois o Renan vai exigir que ministros investigados fiquem por lá, para serem pegos e desgastar o Temer”. Nada disso. Aprendam com a tática da desconstrução, tão bem feita pelos petistas. É preciso moer a imagem das ovelhas desgarradas. A negociação com Renan Calheiros não tem que ser no nível de cargos, mas no nível da seguinte discussão: “Quando eu vou parar de desgastar tua imagem?”. Enquanto Temer ficar refém de Renan, o último está em vantagem.
Segundo, exigir que Temer coordene com seus auxiliares uma mudança de discurso, realmente desconstruindo Dilma e o PT. Mas é para usar os termos mais fortes possíveis e abrasivos, jamais permanecer nesse discurso frouxo atual. É preciso rotular com força. Decerto Temer não deve fazer esse serviço, pois isso seria brigar na lama onde Dilma se encontra (ela já virou a barraqueira da vez). Mas todos os seus auxiliares devem mudar o tom de discurso. Não se pode de jeito algum adotar a estratégia fracassada de viver com discurso frouxo, como fez Aécio em 2014. A chave é “desconstrução”. Mandem os marqueteiros do passado para o olho da rua. A política moderna é ataque, ataque e ataque. E se o ataque não funcionar, é porque você não está atacando suficientemente.
Terceiro, e por fim, pressionar, de forma contundente e desgastante os senadores, retornando à campanha de pressão pelo impeachment feita com deputados e senadores meses atrás. Políticos profissionais tem um código de ética: eles precisam tomar pressão primeiro para somente depois te respeitar.
Adotando essas três táticas, Dilma será afastada entre agosto ou setembro. Detalhe: além da pressão sobre os políticos para votar a favor do impeachment, é preciso fazer a pressão sobre os participantes do governo e aliados a radicalizarem no discurso contra Dilma e o PT.

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